A Amazônia não será mais uma floresta?
Segundo o relatório do Terceiro Panorama da Biodiversidade Global (Global Biodiversity Outlook - GB3), recém-lançada publicação da Convenção sobre a Biodiversidade Biológica (CBD) da ONU, a Amazônia, floresta tropical, tornar-se-á uma savana.
O documento é baseado em cerca de 500 trabalhos científicos e em relatórios nacionais e cruza dados de outros relatórios, como o Living Planet Index e o Red List Index.
A conclusão mais categórica do panorama ressalta que a meta de redução da perda da biodiversidade para 2010 não foi alcançada em nível mundial. As populações de espécies de vertebrados reduziram-se em quase um terço, em média, entre 1970 e 2006, e continuam caindo globalmente, de forma mais severa nos trópicos e entre espécies de água doce.
Sobre a Amazônia
O Terceiro Panorama da Biodiversidade Global considera que as cinco principais pressões que estão causando diretamente a perda da biodiversidade são alterações nos habitats, sobreexploração, poluição, espécies exóticas invasivas e alterações climáticas.
As previsões climáticas há cerca de seis anos mostravam uma projeção de aumento de cerca 1,5º C da temperatura na atmosfera. Ao indicar o movimento da massa de umidade no planeta mostrando a Amazônia, Lovejoy disse que se o aumento da temperatura global não ficar abaixo dos 2º C haverá um "deslocamento de umidade", que alteraria o ciclo da chuvas na América do Sul e aceleraria o processo de “savanização da Amazônia”.
“A soja na região pantaneira é beneficiada pelas chuvas que são geradas na região Amazônica. Mudar esse ciclo seria um desastre porque mexeria com a estabilidade climática desses ecossistemas na grande maioria dos ambientes sul-americanos”, destacou.
Apesar de ainda ser considerada uma área crítica – se no futuro forem mantidas as condições atuais de aumento de temperatura e acúmulo de gases estufa na atmosfera – o relatório indica que o número de áreas de reserva na Amazônia cresceu. Mas outro dado contrastante é que, apesar da taxa de desmatamento da floresta ser positiva – caiu 74% de 2003 a 2009 – a projeção futura aponta que o desmatamento chegará a mais de 20% da área da floresta original
A maioria dos ecossistemas terrestres e aquáticos também está se tornando cada vez mais fragmentada. De acordo com o panorama, se a situação atual não mudar, no futuro mais de metade dos habitats marinhos não serão propícios para a formação dos corais.
“Os sistemas de corais são hipersensíveis. O aumento na temperatura do mar influenciará na relação entre os corais e as algas marinhas. Além disso, o aumento da acidez nos oceanos, que parece imperceptível para as pessoas, está longe de ser imperceptível para os organismos marinhos”, disse Lovejoy.
O ambientalista afirma ainda que se a temperatura média global ultrapassar os 2º C e as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera alcançarem as 450 partes por milhão (ppm), os ecossistemas marinhos não sobreviverão. “Precisamos reverter essa situação e manter a concentração de dióxido de carbono em 350 ppm, ainda menor do que a taxa atual, que beira os 390 ppm", disse.
O Terceiro Panorama da Biodiversidade Global será apresentado na Conferência das Partes na Convenção, que será realizada em outubro de 2010, em Nagoya (Japão). O objetivo é que o documento se torna a base da análise do plano estratégico para a próxima década da Convenção sobre Diversidade Biológica.
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