A comunidade científica espera que os experimentos realizados no LHC (Large Hadron Collider, ou “grande colisor de hádrons”) forneçam respostas para algumas das principais questões atuais da física. “O que se convencionou chamar de ‘física de partículas’ tem um aspecto muito mais amplo do que o nome sugere. Ela se propõe a responder do que é feita a matéria, como ela interage e quais são as forças da natureza”, explicou Novaes.

Entre as expectativas em relação ao LHC estão pistas a respeito da chamada matéria escura que surgiu como explicação para o comportamento de corpos no Universo.

“Apenas a massa da matéria visível não seria suficiente para explicar o comportamento das galáxias. A matéria escura seria o montante faltante nessa equação. Mas, no momento, trata-se apenas de uma hipótese”, disse Sérgio Lietti, pesquisador do CMS Center @ São Paulo.

De modo análogo, a chamada energia escura é uma hipótese elaborada para explicar a expansão do Universo. Ainda sem comprovação empírica, essa é outra teoria que o trabalho no LHC também poderá ajudar a comprovar ou a negar.

A assimetria entre matéria e antimatéria percebida no Universo é outro enigma que os físicos esperam poder elucidar com ajuda das colisões no anel europeu.

“Em laboratório, conseguimos perceber que cada partícula é acompanhada de sua antipartícula, isso nos leva a perguntar por que observamos muito mais matéria do que antimatéria no Universo, ou seja, há uma aparente assimetria entre as duas”, disse Marinho.

A maior das expectativas, no entanto, repousa sobre a comprovação ou não do chamado bóson de Higgs, cuja existência hipotética foi levantada pelo físico britânico Peter Ware Higgs de modo a tentar explicar a origem da massa das partículas elementares. “O LHC foi especialmente desenhado para estudar o bóson de Higgs”, disse Novaes.

No entanto, o professor da Unesp estima que essas grandes perguntas não serão respondidas tão cedo. O LHC está em fase de testes, o que exige inicialmente a execução de experimentos cujos resultados já são conhecidos.

“É uma espécie de calibração. Caso os resultados sejam discrepantes em relação aos que já conhecemos pode ser sinal de algum defeito no equipamento”, disse Novaes.

Mesmo após o acelerador comprovar a sua confiabilidade, os grandes resultados ainda deverão levar algum tempo. Segundo o professor da Unesp, será preciso agrupar um enorme volume de dados para poder comprovar uma teoria.

Isso dependerá do número de colisões que o LHC poderá proporcionar, chamado “índice de luminosidade”. Quanto mais eventos forem registrados, mais dados serão coletados para compor os resultados finais que serão gerados por estatísticas.

Além das questões que intrigam a física contemporânea, o LHC ainda poderá gerar descobertas imprevisíveis. “A história da ciência está repleta de episódios em que o acaso gerou descobertas impensáveis até então. Nada impede que isso possa se repetir aqui”, disse Novaes.

Mais informações sobre o LHC: http://public.web.cern.ch/public

Respostas à grandes questões
Agência FAPESP

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