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Usar a intuição para rotular o que está e o que não está vivo ao nosso redor é aparentemente fácil. Uma planta em um vaso, um peixe no aquário, uma criança que passa correndo. Todos estão vivos (e como estão!). No entanto, para a biologia, área do conhecimento que se dedica ao estudo da vida, por mais paradoxo que possa parecer, não existe consenso sobre “o que é vida”.

Isso fica claro no livro What is life? Investigating the nature of life in the age of synthetic biology, publicado em abril deste ano. Ed Regis (Farrar Straus Giroux, 2008), por meio de uma narrativa que começa citando um encontro entre três cientistas e um filósofo no verão de 2002, na Itália, resgata discussões acerca da sempre frustrada tentativa de chegar a um conceito universal de vida, mas agora na interface com a biologia sintética.

A obra problematiza tal dificuldade tateando três eixos clássicos: para ser considerado vivo, o organismo precisa se reproduzir, evoluir e ter um metabolismo ativo. Um a um, Regis apresenta os argumentos que desbancam tais atributos. Uma pessoa que não deixa descendentes não é considerada viva? E os demais organismos que não se reproduzem, não são vivos?


A evolução nos moldes do paradigma darwiniano dominante, via seleção natural, também é questionada pelo doutor em filosofia pela Universidade de Nova Iorque. Nem tudo na natureza ocorre à luz da adaptação, e para tal Stephen Jay Gould e seu parceiro Richard Lewontin são acionados. Regis conta a história da reveladora viagem de Gould à basílica de San Marco, em Veneza, na Itália, e as idéias que certas estruturas arquitetônicas (spandrels) despertaram no paleontólogo. Surgiu o questionamento: será que a habilidade de evoluir é mesmo condição necessária para considerar viva uma entidade?

O título escolhido pelo autor de What is life? é um tributo ao livro de mesmo nome escrito pelo físico Erwin Schrödinger, publicado em 1944 e um dos textos mais influentes da biologia do século XX. Talvez a mesma crítica que Regis aponta para o livro de Schrödinger (que ele não teria respondido à pergunta “O que é vida?”) possa ser aplicada em sua obra, que pouco enfatiza os questionamentos que a vida sintética traz para o conceito de vida. Mas conclui: “Aparentemente, há um único atributo significativo em comum entre uma célula sintética mínima e um corpo humano minimamente vivo mantido vivo por aparelhos que prolongam artificialmente a vida: metabolismo. O metabolismo é uma característica inescapável de todas as entidades vivas, desde os minimamente até os maximamente vivos”.

Todas as fragilidades e pontos fortes dos mais diversos conceitos de vida apresentados no livro extravasam os muros da academia e fazem parte de discussões recorrentes na sociedade, como aborto, eutanásia, células-tronco embrionárias. Para todas estas situações, que apelam a conceitos de vida, Ed Regis é categórico: “Há divisões de trabalho em muitas áreas da atividade humana”. “A ciência e a tecnologia podem manter uma pessoa viva artificialmente por períodos de tempo virtualmente arbitrários; mas a decisão de quanto desligar os aparelhos é uma questão moral, não científica”.

O que é vida?
Livro retoma título de clássico para questionar o conceito de vida na era da biologia sintética

Por Cristina Caldas
(texto resumido)
Artigo completo: http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=39&id=36&tipo=resenha

What is life? Investigating the nature of life in the age of synthetic biology
Ed Regis
Editora: Farrar, Straus and Giroux
198 páginas
2008


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