Blogs educativos

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – O uso em sala de aula de blogs, páginas na internet com comentários sobre assuntos diversos ou relatos pessoais, favorece a prática da produção textual e contribui para exercitar nos estudantes o poder de argumentação, além de propiciar a leitura de uma maior diversidade de textos e gerar debates e comentários mediados pela prática da escrita.
Essa é a principal conclusão da dissertação de mestrado apresentada por Cláudia Rodrigues no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Para verificar a validade em utilizar blogs para o ensino de escrita, o estudo, orientado pela professora Denise Bértoli Braga, do Departamento de Lingüística Aplicada do IEL, envolveu a produção de 20 blogs por cerca de 240 alunos durante as aulas de produção textual ministradas em quatro turmas de uma escola de ensino básico.
Os alunos produziram os blogs e, em seguida, foram promovidas discussões sobre assuntos diversos que tiveram início em sala de aula e prosseguiram no ambiente digital.

“Nas aulas de redação normalmente há debates sobre determinado tema para preparar o aluno para a escrita. Os blogs tiveram a intenção de continuar e transferir essa discussão para o ambiente virtual”, explicou Cláudia.
Segundo ela, além de serem colocados em contato com diversas opiniões, podendo exercitar a prática da argumentação, os alunos, por conta própria, envolveram professores de outras disciplinas da escola para a coleta de informações que deram origem aos textos publicados nos blogs.

“O interesse pela leitura e pela escrita aumentou quantitativa e qualitativamente em proporção às aulas tradicionais. Dos 20 blogs publicados por quatro turmas, quatro tiveram destaque e foram considerados de elevado êxito na proposta”, afirmou Cláudia. Para ela, o fato de envolver a escola em um ambiente tecnológico que já era de domínio dos adolescentes permitiu um alto nível de identificação com a proposta. “Os blogs construídos pelos alunos mostram a familiaridade deles com construções hipertextuais e com integração de linguagens, além de o conteúdo disponibilizado para os leitores virtuais incluir links para outros textos”, disse.

“Os alunos se preocuparam mais com a qualidade da escrita e com o desenvolvimento do discurso, uma vez que o professor não é mais o único leitor de seus textos. O blog é público”, contou.
“Os blogs podem otimizar o trabalho do professor por ser um espaço dinâmico para, entre outras coisas, a argumentação, a leitura, o questionamento e a crítica. O blog favorece a participação coletiva, formando autores, co-autores e leitores assíduos”, disse a professora.

Segundo Cláudia, que sugere a inserção dos blogs nas aulas de produção textual, o uso desse tipo de tecnologia na escola tem sido quase que inevitável. Por outro lado, o uso dessas “páginas digitais” demanda mudanças sensíveis no perfil do professor.
“O professor passa a ser mais um orientador e, embora possa avaliar e dar nota ao blog, na prática ele deixa de ser o leitor alvo dos textos. O blog deve ser visto como mais uma ferramenta à disposição dos docentes, somado ao livro didático e a outras atividades de suporte”, disse.
O estudo indicou ainda que, apesar de ser um dos grandes entraves para as propostas pedagógicas na internet, a linguagem própria do mundo virtual, uma espécie de dialeto que os jovens utilizam para expressar suas opiniões, não impediu que os jovens pudessem aprender a língua portuguesa corretamente.

“A língua portuguesa é rica e múltipla, e o blog, um espaço para discussão, leitura e escrita. Ambos são sociáveis e podem sofrer uma fusão para alcançar o objetivo de desenvolver capacidades como independência e autonomia, além de favorecer a capacidade argumentativa, já que os autores do blog precisam envolver e convencer outras pessoas sobre seus pontos de vista”, disse Cláudia.
Na pesquisa, a produção textual dos alunos não se enquadrou na linguagem conhecida como “internetês”, carregada de abreviações e gírias criadas pelos próprios adolescentes.

“Hoje existem diversos gêneros de blogs que envolvem vários tipos de linguagens. O blog educacional tem um perfil diferenciado comparado aos blogs de entrenimento. Antes de qualquer proposta pedagógica, o professor deve sinalizar a seus alunos a riqueza da língua portuguesa e suas múltiplas variações e condições de produção”, disse.

4 comentários:

  1. Claro que alguns blogs ajudam na educação, mas não são todos ( acho que um chamado Detesto Estudar não está nessa lista )

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  2. Discordo, Atreyu, a sua Saga de Ferrabrás é muito interessante e bem redigida....
    Também to esperto, garoto!
    abraço e obrigado pela visita e comentários, sempre muito bem-vindos!
    Paz e Luz

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  3. Transformar o estudo em algo revelador e prazeroso é um desafio pra professores e pais. Acho a idéia dos blogs educativos um bom caminho. Claro, nada se transforma do dia pra noite. É uma questão de disciplina e tempo. Meus filhos tiveram contato com o computador desde que nasceram. Lembro que administrar as "tentações" não foi fácil, só jogavam após criar algo no pc, nem sempre de boa vontade, hehe. Valeu o esforço, hoje são adultos criativos e com bom discernimento.

    Muito bom esse post Surfista!
    Bjs

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  4. Como faço p/ criar um blog educacional ... Pretendo divulgar meu trabaljo c/ a produção textual de textos jornalíticos... Por favor me dêem um retorno... Grata, Carmen.
    Meu email é karmenlucya@hotmail.com

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