Paixão e Razão
Por JOAQUIM FIDALGO

Numa entrevista que esta semana deu à SIC, o cientista António Damásio entendeu colocar, de modo muito acessível, alguns "pontos nos is" relativamente a leituras apressadas, ou demasiado simplistas, das suas fascinantes descobertas sobre a relação essencial entre razão e emoção. Embora seja hoje claro que há uma presença estrutural, e portanto uma influência permanente, das emoções nos nossos processos racionais - designadamente nos processos de tomada de decisão -, isso não significa, como explicou Damásio, que devamos dar livre curso às emoções e decidir, como era costume dizer-se, "de cabeça quente" ou só "com o coração".

Que as emoções lá estão (e não apenas as do momento, mas todo o patrimônio acumulado da nossa "história emocional"), é um fato; que devemos ter boa consciência dessa presença e dessa interação, sem dúvida; mas que tal não nos desobriga de atitudes refletidas e de cuidadas ponderações quando se trata de tomar uma decisão, também é verdade. As emoções enriquecem e completam estes processos - não são álibi ou desculpa para escolhas arbitrárias ou mal amadurecidas.

fonte: http://static.publico.clix.pt/

Razão e Paixão
Álvaro Lívio de S. KONESKIUFRN/GRECOM/BRASIL

Razão e paixão são conceitos que se contrapõem e que não existem em si, isolados do homem, mas aparecem como elementos influenciadores do seu comportamento, seja em seus métodos, estratégias ou motivos. Como são indissociáveis, e não podem existir isoladamente, abandonaremos esses conceitos , substituindo por “comportamentos no qual predominam” a razão ou a paixão, subentendendo permanentemente a presença dos dois em todo ato humano.

Mais do que alterar um conceito, o que propomos é captar a complexidade presente em todo comportamento humano, no qual toda razão é também passional do mesmo modo que toda paixão comporta em si a a nossa racionalidade. Para ilustrar esse pensamento faremos uso dos personagens “Vadinho” e “Teodoro Madureira” do romance “Dona Flor e seus dois maridos” , de Jorge Amado, bem como da solução adotada pela heroína, que entre a razão e paixão prefere ficar com os dois, (como diria Schopenhauer, com a Vontade). Essa discussão é feita com base nos mais variados pensadores como : Guattari, Deleuze, Schopenhauer, Capra, Bonh, Damasio, Atlan, tendo Edgar Morin como elo de ligação.

A partir dessa análise, caberia refletir sobre as consequências da hipótese de que razão e paixão se constituem em ingredientes indissociáveis na construção do imaginário humano, como mais um execício da aplicação do pensamento moraniano.

Complicado o tema? Bem o relacionamento humano é muito complexo, mas é bom poder entender e saber distinguir entre a Razão e a Paixão, ou mesmo, se ambas caminham paralelamente e, num ponto intangível, unem-se para dar lugar a um só pensamento! Será?

Até a próxima

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